quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Casamento

ansiei as flores
as fotos
as felicitações de natal
e mais ainda, 
o sorriso

Os meus nós



O primeiro ano o qual eu esperei tudo muito diferente. E a primeira lição que eu tiro disso é que: eu não posso e nem devo esperar algo, principalmente de pessoas. A princípio as coisas iam bem, eu tinha um amor querido, tinha tomado coragem pra correr atrás do meu sonho e realmente sabia que iria alcançá-lo logo e todas as preocupações de quase três anos iriam cessar. O ano que estaria por vir seria de glórias ou ao menos de tranquilidade, a qual eu preciso tanto. 

Nos anos anteriores não tive "boas viradas". O ano que te conheci, passei trancafiada no quarto chorando, enquanto um novo ano bradava. No dia anterior fora a última vez que fiquei com você, o dia seguinte você me contava como foi bom o seu réveillon. O seguinte passei com você, estava feliz por ser com você, mas você bebeu demais e foi vomitar enquanto brindavam um novo ano, o único motivo d'eu estar num lugar o qual eu não conhecia ninguém, fora você, que estava mantendo meu ano feliz. Antes de saber, é claro, que pela conversa do Natal, eu me jogaria de um prédio se visse todo aquele descaso e desdém para comigo. E esse fatídico ano, que estou sem você perto e mais distante de mente-coração do que eu desejava. Talvez um ponto definitivo não me fizesse cobrar hoje a sua presença e lhe poupasse o choro e as confusões. Desculpe-me por lhe perdoar e fazer da sua vida tão difícil. Você devia ser um estranho agora.

Meu mal é esperar demais. Hoje eu te cobro mais que antes. e sinto muito por isso, sofro também. Quem está por fora, na maioria das vezes, vê mais facilmente os problemas alheios e quer ajudar. Você tem muito o que crescer e deve estar precisando disso há um tempo, não sou a única a lhe dizer. Ela também o fez. A diferença é que eu lhe digo isso com amor e talvez por isso eu mereça o mesmo em troca. Também cansei dos meus méritos e merecimentos. Eu sei que sou uma das únicas hoje que você pode ter ao lado pra tentar te ajudar e que vê algumas coisas que nem eu e nem você entendemos. Eu vejo demais, sonho demais, sinto demais. Você já viu que temos uma conexão forte, mas ela fica mais fraca cada vez que deixamos de tentar por algum pesar que doa. Um dia ela vai se perder no mar de ignorância e desatenção. Os problemas vão se abstrair, mas com eles se perderá muito mais que isso. Li isso por acaso, e só dele eu posso esperar alguma coisa: Todo casal deveria fazer o pacto: "Quando eu achar que o amor está acabando, prometo lembrar de todos os motivos que me fizeram te amar.". É exatamente isso que eu sigo quando me chateio e tenho todos os motivos do mundo pra buscar outra pessoa. Eu te amei muito antes de você imaginar que algo poderia acontecer. E eu te conheci antes da festa também. Seus olhos são uma das poucas coisas que me fazem querer continuar, mas aqueles ternos, afáveis que eu consigo ver que se tem amor por mim. Outras faces deles não me servem, seu olhar muda quando você o quer, seja por desejo ou raiva. Não te desafio, não te quero mal e te agradeço pelo meio ano bom. Nunca vou saber mais de você do que você próprio. Eu só estou mal no meio dessa confusão e sei que você vez ou outra, antes de abstrair, está pior. Talvez por isso você não lembre de tanta coisa, você as abstrai muito rápido se estas não lhe convém. Eu fiquei triste por você ter falado contente daquele dia, é assim sempre então? Às vezes é meio óbvio que o arrependimento só vem por me fazer mal, porque pra você foi tão bom, que é fácil abstrair. Eu já estava abstraída, então não fez mal. Ainda me doi ter levantado de madrugada sem saber o que estava acontecendo direito, mentindo pra mim que nada acontecera. 

Uma das únicas coisas boas que este ano me trouxe, fora ver a importância dos meus amigos na minha vida e do apoio incansável da minha família, dos que me querem bem. Meu aniversário fora um divisor de águas, em verdade, antes dele, mas por você ter me contado naquele dia, ele me marcou. Eu, que já não gostava de comemorar, vou escolher talvez um outro dia de nascimento, mas todo dia 31 pra mim já é finado. As mensagens lindas que eu recebi de aniversário me mantiveram de "pé", mesmo que acamada e chorosa. Cada carinho em forma de palavra, os quais eu não consigo mencionar por muito tempo sem chorar. Pareciam abraços de longe.

Não costumo pedir nada de ano novo, a não ser muita saúde e proteção para os que eu amo. E continuarei o fazendo. Minha oração de gratidão, a qual também mencionei no meu aniversário, é da Serenidade. Que eu aprendi quando guria no Centro Espírita. A transcrevo aqui não pelo significado religioso, mas sim, pelo conforto e serenidade literal que ela trás.

"Concedei-me, Senhor a serenidade necessária para aceitar as coisa que não posso modificar;
Coragem para modificar aquelas que posso e
Sabedoria para conhecer a diferença entre elas.
Vivendo um dia de cada vez;
Desfrutando um momento de cada vez;
Aceitando que as dificuldades constituem o caminho à paz;
Aceitando, como Ele aceitou,
Este mundo tal como é, e não como eu queria que fosse;
Confiando que Ele Acertará tudo
Contanto que eu me entregue à Sua vontade;
Para que eu seja razoavelmente feliz nesta vida
E supremamente Feliz com Ele eternamente na próxima."

No próximo ano não peço pelo meu sonho, por bens materiais, pra acabar a faculdade correndo (mas até que não seria mal) ou qualquer coisa outra. Peço serenidade, muita saúde, paz e calma interior, uma mente mais fluida e menos lágrimas, ou mais lágrimas de felicidade.

Por você, eu peço o mesmo, do fundo da minha alma e do meu coração. Peço que encontre amor seja por ondes for, mesmo achando que não mais ao meu lado. Alguém mais alegre e mais livre do que eu. Muita coragem para olhar para as dificuldades  e enfrentá-las, sem mais abstrair e ligar o foda-se, sem machucar você e/ou outrem. Sem mais esquecimentos bons ou ruins. Mais amor por você e pelos que lhe querem bem, mais alegria e realizações. Que ouça mais os que você ama e ao seu coração, do que aqueles que você nem conhece e que não estarão ao seu lado depois que você seguir os "conselhos destes", que poderão acarretar em alguma alegria/prazer momentâneo, mas podem também lhe tirar um pedaço eterno. Muita utopia e você sabe o porquê, te falei no seu aniversário. Que teus planos se acertem. E que você possa dar e ganhar flores sem motivos, sem precisa pedir, sem precisar notar, sem ter um momento de tristeza para tentar transformá-lo em alegrias por elas, apenas doá-las com amor. 


"Amanhã é a primeira folha em branco de um livro de 365 páginas. Escreva-o bem." Brad Paisey

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O ano de Anne

Foi um grande ano! Obrigado a todos que fizeram parte dele. Dizia o facebook com seu post de fim de ano e chuva de sorrisos de amigos próximos ou não amigos. Resolvi dar uma olhada no que os outros veriam do meu ano, o que estava estampado em fotos, pois eu já sabia bem o que ele se transduzira. Quis também ver pra mentir um ano bom pra mim. Muitas fotos foram apagadas e o meu ano não se resumira naquilo. E tem coisas, além de fotos, as quais eu não pude apagar.
Meu Natal acabou antes mesmo de ser Natal. E meu ano, o mesmo. Comecei a acreditar que inferno astral é algo que realmente existe, só que tecnicamente, o meu esqueceu de quando devia ir embora. Talvez, desde 2012. 
Ontem eu tive de gritar porque me cansei de ouvir berros só de um lado. Gritei pra ver se me ouvia, me sentia. Eu também tenho voz. Era véspera de Natal. A noite passou e só parecia mais uma qualquer, sem valor especial e nevava tristeza. Consigo disfarçar bem. Calar. Dizer que está tudo bem, quando em verdade, não está. Eu sou essa mente instante dentro de um corpo ferido, fisiologicamente afetado. Enquanto for ruim pra você me ouvir por ser desagradável a você, eu vou engolir, ferir e ressentir mais. Vou voltar inúmeras vezes quando o momento for inoportuno, justamente por não conseguir aguentar esses pensamentos dentro de mim e fazer sangrar. O ano não acabou pra muita gente, mas pra mim era melhor ele nem ter existido. Queria firmar os punhos, me trancafiar num canto escuro e poder voltar. Não faria sentido pra mim, mas talvez fizesse pra você. Ou não, talvez o querer fosse tão grande que faria tudo de novo e só se arrependeria quando me visse. Talvez eu tivesse de ter errado também.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

vermelho atenção

eu me puno
sempre que olho pr'aquela cara outra
e perco o cabelo
(dessa vez pela metade)
a vontade
quis ferir os antebraços com próprio punho
senti vermelhar
e eu sinto inveja
de ser quem nunca serei
há algo de errado nisso,
eu sei
queria ser um chamariz
mas essa realidade não condiz
afinal,
não sou atriz
e muito menos tua meretriz
será que continuar condiz?


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

00:00:45

"estamos muy borrachos"
dias dantes, mencionei: de sobrenome alvo e alma negra
talvez entre aqui a sua defesa
por um vídeo, que me lembrou o antes
algo que eu procurei
e quando fui cavar mais fundo, só me decepcionei
no fundo, tenho razão
a tua procura e a tua omissão disseram muito mais do que eu pude imaginar
foi você que procurou
que agarrou
que escreveu
que apagou
que continuou a falar
gostou tanto, que se arrepender fora secundário
só vi mais risos e uma empatia de doer os ossos
e por isso eu rogo tanto, que não sou eu quem você quer
que qualquer affair é melhor do que eu pra você
que alguém de pulso forte e sem norte é o que lhe cabe
será mais libertador, talvez até nasça amor
uma pena ter me contado
talvez algo pudesse continuar
porque o que "incomodava", você lá deixou
mesmo que de canto
talvez fosse um fundo de esperança
pra eu terminar a dança
e você chamar um novo alguém de amor

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

31/08/1993, tentativa-erro

Terça-feira.
243° dia do ano de 1993.
36 semana do ano de 1993.
Tempo decorrido: 21 anos 3 meses 22 dias.
Número: 7

Eu não gosto de terças. Nasci 2 dias depois de uma chacina, que pra minha avó parecia ser mais importante do que o meu nascimento. Também nunca gostei muito dela. Simpatizava pelo número 31, até ligar ele a minha data de aniversário. Até que o número não é tão mal, os fatos que o circundam que o são. Começara em 2010 ou um pouco antes, pelo que me recordo. Desde então, detesto comemorar meu aniversário. É só mais um dia comum. Nunca gostei de parabéns pra você. Pelo quê? Gosto até de comemorações alheias. O problema sou eu. Pra que vou celebrar a minha existência, ainda por cima com fatos ruins rodeando cada ano de vida meu que se passa. Meu aniversário é um evento tão ruim pro universo, que até meu irmão preferiu inchar e passá-lo no hospital. Brincadeira. Mas a parte do hospital é verdade.
Esse ano tentei algo diferente. Quis fazer firula e agradar uma das únicas pessoas as quais eu queria que comemorasse mais um aniversário comigo. Comprei várias besteiras, mamãe fizera meu bolo preferido, mas nada engoli depois daquela madrugada.Não deu certo e eu já deveria ter previsto um mau evento. Eu não nasci para bons ventos.

Agosto, 31
2012 - Lhe conheci
2013 - Lhe tive
2014 - Lhe deixei

Parece com aquele ciclo que aprendemos no colégio. Nascer, crescer, se reproduzir e morrer. A diferença é que eu morri mais de uma vez nesses anos. Morri de amor de todas as formas possíveis, daquelas que a gente imagina que pode doer, mas quando sente, vê que a dor não chega perto do que realmente é. Hoje, de todos os cílios que eu já deixei cair pela vida, eu fiz um pedido. Em verdade, dois. Mas ele não ficara comigo. Sorte outra e olha que nem é 31. Tudo o que eu queria era cortar um pedaço de tempo da minha vida e ter um bom aniversário. Mas de hoje em diante, eu burlei a escala numérica e já não existe mais 31. Não o meu. Nunca gostei de comemorações e agora não seria diferente. É um dia morto, pra uma pessoa meio morta. E pelos que seguirem, eu dormirei, como costumava fazer. E pelo cílio da sorte, nesse dia, eu peço para que as horas encurtem e as lágrimas cessem. 



I was there for you

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Ambrosia

Fui um personagem, uma, em gênero. Serviu bem em mim, já que não sei mais quem sou oficialmente. Estive num lugar o qual nunca fora agradável a mim, mas hoje pareceu que me cabia, como nenhum outro. Um lugar que trazia-me paz, geria silêncio e sugava o meu vazio. Um lugar o qual deixei minha alma. Fica na Rua General Polidoro, já passara algumas vezes por lá, geralmente com medo. Hoje tive acalanto e o silêncio dos falecidos. Desejei ficar ali, não por ter algum prazer e/ou fixação pelo ambiente, mas ansiei aquela paz dos mortos, os quais um dia, foram perturbados como eu. Tenho ouvido dia e noite que sou ingratidão, no fundo, a história de Ambrosia se cruza com a minha. Devo realmente ser. Roubo sorrisos, prazer, o ser social, o insumo da alegria e faço você ser quem não é ou quem não quer ser. Nem bem sei mais o que você quer pra você. Cansei de ser infantil, ingênua, doadora de perdões e afagos, ingrata, que não lhe cabe quando erra, que não pode aparentar tristeza e muito menos fraqueza, que jorra ciúmes descontentes e descabidos. Que fica triste por nada quando o tudo ainda é recente. Eu posso aguentar surtos, mas quando surto, sinto-me sozinha com os meus. Molesto-me com o passado e com a projeção dele na minha vida, não que ocorra a todo instante, mas quando este ocorre, tenho de deglutí-lo. Partilhar o mastigar é pior. Eu me perdi de mim e ganhei umas avarias, eu me fui, ainda quando era Ambrosia.

"Revertere ad locum tuum."

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Perdão

"Eu faço tudo pra gente ficar bem e você só fica triste/puta comigo. Você bloqueia minhas ligações (infantil), é áspera, me ignora e etc. Você acha que isso não é difícil pra mim?"
Não fazem 3 meses que tudo ocorreu. E nesse curto tempo minha vida cambaleou e ainda tenta se erguer e andar com os próprios pés e algum sorriso. Eu sei que é difícil pra você, me ponho em seu lugar. Não fora esse meu comportamento que estragara tudo e a certeza de não estarmos dando tão certo como antes? A infelicidade que eu te proporcionei por expressar o que eu sentia por coisas que li e me feriram? Infelizmente você não sabe o quanto isso me mata também, saber que as coisas podem ser um espelho do antes e acabar em mais mágoa. E daí eu guardo tudo, eu me calo, não falo, "te ignoro", sofro sozinha e com meus textos. Choro sozinha, solução salina e ácida. Eu reconheço sim que estás se esforçando - num momento difícil e que largar o osso ou qualquer outra coisa é mais fácil, como fizera da outra vez - e agradeço a qualquer Deus que exista e que me ouça todos os dias pelo seu aguentar e tentar de cada dia, assim como por mais um dia de vida seu, mais um sorriso ou qualquer dessas coisas as quais eu admiro em você. Agradeço todos os dias por ter você, um alguém que eu quero na minha vida. Mas você também não vê o quanto estou me esforçando?

Perdão.

Nunca soube em essência o que significava. Sabia que não deveria pedi-lo a qualquer pessoa porque era algo como o sagrado.

Eu lhe perdoei. Descobri que perdão e amor caminham juntos, se sinceros. Lhe dei o meu sagrado, mas este é contínuo; processual. 
Você mesmo me disse que esteve numa situação como a minha. Já ocorrera com você e deve saber o quão desagradável é. A diferença fora de agente e que você não prosseguira com tal pessoa, que você ainda pode guardar sentimentos, fora o tempo e a distância que lhe fizeram perdão ou esquecimento. O perdão é destinado a pessoas e não a fatos, eu lhe perdoo como a pessoa que me demonstras ser a cada dia, por cada tentativa, pelos erros e mais ainda pelos acertos, e não pelo ato o qual você fizera. E vez em quando, eu lembro deste último, por situações cotidianas, pelo eu, pelo você. E também não é fácil pra mim, mas eu quero continuar. Atente-se! Hoje, eu lembro e faço pesar bem menos do que ontem. E assim como você, eu também tento fazer de tudo para ser melhor pra nós, você não vê? Nós já melhoramos muito. Perguntas e afirmações desfiguradas pela raiva e pelo desespero doem, existem fundos/traumas/tristezas por detrás delas e por detrás de cada pessoa que as trazem. 

Eu ainda tenho medo sim. Hoje, parece que eu não sou o que você quer/precisa. A minha tristeza e meus pesares não lhe fazem querer continuar, então seria mais fácil fazer como antes. Procurar uma fuga, uma distração, nova pessoa, um amor antigo - aquele que nunca saiu da cabeça-coração e que escondes, por medo - ou algo que o valha. Vez ou outra eu não sou e nem serei tão atrativa assim. Ninguém é atrativo a todo instante. É em cada dificuldade que fazemos escolhas, perdoamos e somos perdoados. É com a dificuldade e um amor que nos perdoamos. Talvez eu seja um bom passado pra você ou talvez possamos construir o que eu parecia ser pra você: She is love

While I was feeling such a mess, I thought you'd leave me behind


You've got my love to lean on
(mas eu ficorei brafa que nem ela no vídeo e vou parecer distante mais vezes)


Ainda te amo, mais do que você pensa.

Sexta-feira

Me olhei hoje na tela escura do computador. Não gostei do que vi. A magreza de sempre, talvez pior. Rosto fundo e olheiras mais ainda. Não dá pra ver a fraqueza em mim, mas eu a sinto agora. Meus músculos tremem, a luz vez ou outra apaga quando eu estou de pé. O estômago sem fundo doi (e agora eu seu o motivo clínico - escrevi antes de saber). Vez ou outra parece que eu não vou durar tão mais tempo. Sempre achei que morreria nova. Esse aperto no peito, essa cabeça tonta e essa falta de ar. Sem falar do peso nas costas. O fardo que pareço ter de carregar. Como se não bastasse os gritos, falas, frases, pensamentos guardados. Acho que são eles os responsáveis por grande parte do que sou agora. A boca cala, o corpo fala. E tudo isso pra não te ofender, pra não te ver do jeito que eu detesto. Pra que você não se machuque ou não se machuque mais. Quando eu sou infantil - me calo e me recolho - é pra não causar mais mal, mesmo que o mal fique dentro de mim. É pra assentar tudo dentro de mim e lhe entregar flores e não só espinhos (mas hoje vi que não faço isso, sou sempre eu triste e/ou puta pra você). E se for por isso, eu sou infantil pra caralho e você pode dizer isso ao mundo, porque eu gosto de ser assim. Me preservei porque já estou doente novamente e te preservei de você. Porque ninguém mais no mundo segura as suas mãos com firmeza e carinho, e dá beijos em falanges, quando essas são só raiva. Eu faço isso com amor, muito mesmo e seguro a sua barra, quando no fundo mesmo eu preciso é segurar a minha. E pra isso, meu amor, além de muito amor, eu gasto energia. E sim, sou infantil. No ponto em amar como uma criança, sem limites e não esperando nada ou apenas uma parte do que cedo. Em amar com brilho nos olhos e chorar quando não se é notado. 




"How I wish
How I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl
Year after year
Running over the same old ground
What have we found?
The same old fears
Wish you were here"




quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Cafuné

“Por ter os olhos que tem
Por rir pelo teu riso
Por teu sorriso
Pelo só
E a companhia”

De autoria outra, de autoria tanta, de autoria pequena e ainda sim, tamanha. Obrigada.

O desabafo da chama

Eu passei a noite em claro. Dormi por duas horas pela manhã já quente. Quase não tinha visão quando abri os olhos. Me assustei com a imagem projetada no espelho e quis voltar pra cama depois do xixi matinal. E eu voltei, mas permaneci por menos tempo do que desejava. Estava acabada. Em verdade, estou acabada. Minha cabeça me engoliu noite a dentro e lutou entre dores e desamores. Os olhos pesados de areia travavam um conflito intenso com a minha mente cansada e ainda sim, constante. Eu sei bem o que me consome. Só queri evitar o consumo excessivo, afinal, a conta é sempre muito cara. Não é que esteja pesando no meu bolso, tá pesando no corpo inteiro. No instante que levanto. Vez ou outra não tem ninguém pra acalmar o pranto. Foi como uma das noites de desventura que provei no instante que me deixou ou que eu quis te deixar sem sucesso por aquilo tudo. Quis falar rápido porque sempre perco o ar quando penso/falo sobre. Não falo muito com você disso, você se torna raiva e eu não consigo suportar tanto - por mim e por você. Me projetei então num colo alvo, de afago e cafuné pra ver se tranquilizava e fazia dormir. O tempo parou por um instante e logo voltou a lutar por sua existência na minha mente ou na minha concepção de tempo. Inclusive, corria noite a dentro e despistava o sono. Eu podia qualificar e quantificar os porques de um dia não bom, mas nem vou. Cada dia menos eu narro meus dias. Só faço insultos, não é? Fora um dia de incêndios, mas nenhum deles aqueceu a minha alma.


terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Desculpa, mas é que me bateu um medo grande...

Hoje me bateu um medo grande. Daqueles que embargam a voz, pesam o caminhar e até gelam a alma. Não fora por um momento ruim. Era feliz. Mas eu senti uma distância desde que saímos de casa, desde que você lembrou de um dia ruim. Tinha olhos profundos, mas perdidos e me pediu um abraço. Eu não sei nomear esse dia, mas teve algo de catártico na minha vida. Algo de purificação da alma por meio do emocional. Uma experiência de quase-morte, quase literalmente, pelo peso nos braços, pelos sintomas físicos e constante perda de peso ou pelos pensamentos pouco vívidos. É uma catarse circulante. Pelo corpo, pela mente, pelo coração e pela alma. Não sei se o caminho é necessariamente este, mas deve ser por aí. Eu tive medo dos nossos destinos, dos nossos planos de antes prum amanhã-hoje já desigual. Também tive esse medo no final de semana. Parecia ser um imprinting. Parecia dali que nosso futuro juntos seria curto. Cada um pro seu lado por conta dos sonhos e de sentimentos mutados. Eu pude ver a sua dúvida, seu pensar e até algum traço de decepção. Não tem sido muito diferente do agora. É que meu lado já não tem muito significado e só deve ter daqui há um tempo. O meu medo é de que quando eu encontrá-lo novamente se faça catarse e chova. Meu caminho é o do cuidar. Acho que sou builder demais pra um explorer/negotiator. E disso? Eu sempre tive medo. E por isso? Eu sempre lhe disse que o seu futuro seria com uma pessoa diferente de mim e mais parecida com você em determinados quesitos. E lá no fundo, isso sempre me doeu - sem você perceber, claro.




quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Um pedido de desculpas aos meus pais

Pai. 
Mãe.
Me desculpem.
Esse pedido de desculpas não tem todo o meu pesar e acho que nenhum outro vai ter o que eu sinto aqui dentro. Vocês devem me perdoar até, mas eu não consigo me perdoar. Me desculpem por isso também. 
Com muito custo eu pensei em trancar meu curso e com mais custo ainda contei a vocês, com meu coração na boca. Pai, você me entendeu logo de cara e perguntou quanto seria o cursinho e eu sou muito grata por isso. Muito obrigada. Mãe, mesmo resistindo bastante e querendo que eu terminasse a minha graduação, no final, você me apoiou. A máxima é verdadeira: - Mãe, é mãe. Muito obrigada. Eu estava decidida que eu faria desse semestre o meu ano e vocês depositaram suas fichas em mim e sei que ficam ansiosos pelo resultado, assim como eu ficava, mas dessa vez ele é explícito pra mim. Não vai dar. 
Eu lembro que você, pai, mesmo não tendo muito dinheiro livre pra gastar, quis que eu tentasse os melhores cursinhos porque acredita em mim. No geral, você fez o que podia e o que não podia por mim. Obrigada por ser meu pai e tratar da minha educação e dos meus irmãos um investimento não só nosso, mas seu também. Eu sei o quanto é importante pra você nos ver formados e com uma profissão estável, diferente da sua. Eu vou me dar e te dar isso um dia. Por você ter acreditado em mim, eu corri atrás de uma bolsa no pH - hoje saiu um ranking que este é uma das 10 melhores escolas do país, sendo respectivamente o primeiro. obrigada por ter me colocado entre os melhores. - e conseguimos um bom desconto pela minha instrução e colocação em vestibulares anteriores, ainda puxado pra quem tem 3 filhos, mas um bom desconto. Obrigada por esse sacrifício. Faz as suas horas ausentes serem perdoadas ou pelo menos um pouco. Eu fiquei tão feliz com a possibilidade de poder estudar de verdade pro que eu queria. Foi encantador e assustador ao mesmo tempo. Tecnicamente, faltam dois períodos para que eu termine a graduação e estar no ambiente de cursinho nunca fora 10+, ainda mais numa situação como esta. Eu tinha uma pressão interna e externa por isso. A grande maioria dos alunos era bem nova, e eu tenho meus 21 - que pesam - era anne x anne. Só. Meu psicológico começou a se moldar naquele mar de monstros. Fui construindo uma rotina com um bom material e com bons instrutores. Desesperei-me com o ritmo, acalmei e até percebi que ali eu aprendi matérias que nunca tinha visto no colégio. Era intensivo. 
Mãe, eu nem preciso lhe dizer o quanto você foi e é essencial nessa minha jornada - um dia ela vai acabar, eu garanto. E você vai me ver mais feliz do que nunca. Acredita nisso comigo? - mas enquanto não acaba, eu vou tentar continuar buscando-a. Eu só tenho a lhe agradecer pelo apoio físico, moral e psicológico que só se encontra no amor de mãe. Sem você eu não estaria forte hoje, como estou. Teria definhado no dia 31. Eu te amo e sou imensamente grata, mesmo você fazendo tudo à sua forma, que vez ou outra eu acho meio torta. Obrigada pelos abraços, conselhos, carinho e principalmente pelo silêncio e espaço que me destes. Obrigada pelas flores que alegraram aquelas manhãs tácitas e que foram regadas à lágrimas. Obrigada por ter só sentado na cama e me visto chorar - como faço desde que comecei a escrever - me colocado pra ver o dia, quando cá dentro era noite, e assoprado o meu coração pra ele esquentar. Você é indispensável em minha vida. Vocês são. Não gosto nem de imaginar a minha vida sem vocês.
Eu fui mal na prova e dessa vez eu fui mal de verdade. Lembrei de coisas que eu não queria e nem devia - Bernardo fora justo em me contar, não o perdoaria de forma contrária. Acho que ele me ama, mas não sei o que houve e me doi não saber - não sabia articular, perdi tempo, chorei e meu preparo não fora completo. Meu rendimento no cursinho, destaque nos pH's iniciais da minha turma, caiu e eu não tinha forças pras aulas. O trajeto era longo até lá, eu estava fraca e tinha medo que acontecesse algo. Perdi as contas de quantas vezes voltei quando estava no meio do caminho. Eu não era eu. Perdi 5kg em pouco menos de duas semanas. Eu sei o quanto você se preocupou, mãe. E peço perdão por essa preocupação. Mas não deu. Essa deve ser a minha menor nota entre os últimos anos que tentei, mesmo sem cursinho. Eu fui lá e fiz o que deu, mas não o que eu era capaz. Eu fiz o que consegui lidar emocionalmente. Nesses dois dias de prova os pensamentos me engoliram e eu não fui capaz de cuspir neles. Eu só fui por vocês. O máximo de esforço foi por vocês. Por mim? Eu nem iria. Não estava preparada para aquilo. Até a redação me engoliu. As palavras me enforcaram, rasguei a métrica e fiz parágrafos indevidos. Tema conhecido, discuti sobre ele minutos antes da prova, mas eu não me conhecia mais. Mãe e pai, não deu dessa vez. Mais uma vez. O quanto me doi falar mais uma vez. Essa era pra ser a vez. Mas não deu.
Muito obrigada, eu sou infinitamente grata a vocês. Pra sempre. E vou fazer Medicina com e para vocês. Eu acredito que vocês ainda irão se orgulhar de mim. Eu vou resistir aos meus pensamentos por isso.
Perdão.

Sobre os diferentes pesos que a felicidade assume

Eu pesava 52 kg ou um pouco mais, passei pra 47 kg quando adoecida e agora ando por volta de 50 kg. Poucos sabem o real motivo desse "pesar", outros só perguntavam o porque de tanta magreza ao invés de: por que tanta tristeza? Tais perguntas formavam nós que bailavam em meus ouvidos, consequentemente aumentando a tristeza do meu coração e do meu corpo, que sofria. E ainda sofre. Não bombardeio ninguém com tais perguntas cabulosas, creio que no mínimo, deveria também ser poupada. Sou uma dessas pessoas que sabem quanto estrago inconsciente tais perguntas fazem. Reservo-me ao máximo. E quando me fazem mal por estas, apenas sorrio e aceno. Mais uma vez guardo tudo em mim. E adivinhem onde isto é refletido? Adivinhem. 
Não acho que posso me considerar uma pessoa infeliz, mas o estado que me proporciona as experiências relatadas acima é este. Com isso, torno-me uma pessoa num momento infeliz, tendo alguma causa explícita para tal, ou para alguns, nem tão explícita assim, e mesmo assim, de fácil resolução.
Numa conversa pela manhã, logo ao acordar, tenho um outro extremo. Uma amiga, de razões parecidas, emocional, estatura e peso semelhantes. Estado diferente. Quando mais novas compartilháva-mos estados parecidos, até chegamos a compartilhar esse ano e nos tornamos felizes juntas - por hora - mas não por muito tempo.
Hoje fora mais uma prova do vestido de noiva dela. Esqueci de mencionar que esse é um dos estados que nos separa agora, a felicidade de um amor que tem dado certo, que mesmo com avarias pequenas resiste e que socialmente gerará um fruto maior. O fato de não esconder o amor que se sente, torná-lo público com coragem. Coragem esta que não se resume só no fato de casar, pode se apresentar de outras formas.
Já contei uma parte de nossa história conjunta aqui e continuo imensamente feliz por ela. Questões de merecimento, eu diria. Me pergunto se mereço ser feliz assim um dia. Perdi a esperança em remontar relações. Nunca fui muito boa com isso. Só quis namorar uma vez, com uma pessoa que eu escolhi e que resolveu me escolher quase um ano depois.
Como disse anteriormente, sempre tivemos o peso próximo, mas agora as coisas têm sido um pouco diferentes. Ela engordou. Está engordando. Está feliz. Sexo é uma coisa completamente secundária. E as coisas se relacionam. Por ela estar feliz - amando e sabendo que é amada - tudo o mais é secundário. E até o que é secundário a faz e fará feliz.
Eu poderia me comparar aos quesitos acima, mas prefiro terminar com meus votos de felicidade. Quem sabe um dia eu voltarei a ficar feliz assim com quem mais merecer.


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

AA, só mais um dia

E eu estou aqui
mais uma vez
só por mais um dia
observando ao redor
especulando coisas
vasculhando o passado
bebendo lágrimas
procurando respostas
que não me cabem
velando fotos não minhas
de um alguém melhor que eu
(?)
de mais riso, 
mais fôlego,
mais críticas,
de mais posse,
de mais poder,
de maior persuasão,
de cintura à mostra,
batom escuro,
(maquiagem só não fica bem em mim)
de maior tesão 
concupiscível
ou algo que o valha
que lhe mandou crescer
que me disse que seria melhor assim
que fez sem culpa
e que me dói
me sinto tão pobre perto desta
ou deste fato
o lixo que comentei anteriormente
tenho bebido olhos tão menores quanto os seus
talvez uma explicação
ou não
de mais corpo
pernas mais torneadas
seios maiores
odeio quando fala dos meus
depois disso
é lembrança imediata
um dos sinais que me faz pior
(?)
ou nem tanto
não sou ativista
nem eloquente
ou bem articulada
mas acho que qualquer mulher no mundo
não devia ser trocada
me sinto massa de manobra
a pior (não pela troca, mas sim, pela tristeza)
e a melhor pessoa do mundo (por ainda assim, só por mais um dia, tentar espalhar amor ao invés de dor)









Conjugar

eu joguei meu sonho no lixo
estou jogando meu trabalho no lixo
eu joguei meu amor no lixo
eu me joguei no lixo
e hoje, eu me acho um lixo
e não sei me separar dele
e muito menos conjugar

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Inversão incompleta

eu
não
sou
nós
não

Anna Bolenna - A perturbada da corte



Quando só o outro pode ter medos

eu tenho vivido na incerteza. eu devo ser a insegurança figurada, coisa que você sabe bem. não gosto quando as pessoas falam dos meus traumas e muito menos quando elas
são as donas desses traumas, ainda mais se forem por duas vezes.
1 - psicológico
2 - físico e psicológico
o meu psicológico já estava dolorido e amargurado, afinal, não é fácil ver escrito aquelas coisas sobre você com todo o desdém e falta de consideração. você, uma pessoa
que até ali só tinha mostrado perdão (por mais uma chance), consideração, amor (até nos momentos que eu pensei que não tivesse) e deu sua palavra de comportamento (eu
não destrato pessoas, por mais que elas mereçam).é, mas eu parecia errada e fui julgada como. brigando por nada. fora só uma bobagem há tempos atrás. que mania tenho 
eu de especular o passado. pobre anne, antes tivesse se jogado de um prédio e ouvido risos enquanto caia. fiz depressão, pressão pra dentro.

passado o primeiro, imperdoável, mas desconsiderável... o segundo. aquele dia entorpece a minha mente e eu entro em mim depressa, faz pressão nos olhos. como pode passar o dia
comigo, falar n coisas sobre o primeiro erro e plantar um segundo tão pior quanto o primeiro? e no final, sou eu quem não pode sofrer, nem lembrar, nem projetar coisas em cima
disso. é realmente um presente pra uma pessoa insegura e que dá chances, como vocês deram risadas. de forma fácil.

eu sou tuas restrições, um dementador de sorrisos

-ok
-não vou falar com ninguém?
-é isso?
-pra eu ser um total antipático?
- ...

às vezes você só ouve o seu lado e eu? calo o meu. 

- e eu respondi ela com o mínimo da educação que qualquer ser humano merece.

vez em quando acho que não sou um ser humano. 



Danke!