quinta-feira, 27 de junho de 2013

Peixes

"São como as águas, fluidos, adaptáveis, subjetivos e muito sutis."


Eu poderia começar falando sobre qualquer coisa e atrelando vários significados diferentes ao que me parece que és, mas o fragmento acima me parece bom. Principalmente a parte "adaptáveis, subjetivos", a qual creio que seja a que mais lhe caiba. Complexo.
São poucas as pessoas as quais não capto a essência pelos olhos, e és uma delas. Nunca fora tão intrigante e o que me cabe é o imaginário. Em verdade, não deveria. Não mais. 
Passos largos e tímidos, um olhar desviado e meio sorriso. Eles têm surgido mais agora do que antigamente, mais um motivo que me deixa confusa. E eu não gosto dessa bagunça toda que fazes em mim, principalmente a que se refere ao último mês. São fatos e fardos entrelaçados que me dão um nó. Talvez a demora ou a rapidez tenham acarretado nisso. Ou talvez seja por resistência.
Na verdade, eu nunca entendi onde queríamos chegar dessa forma, ou onde eu queria chegar dessa forma. Fora um esforço meu em vão. Mais de pensamento do que físico, mas um esforço co dependente. 
Minha impressão é que tudo está errado, mesmo depois de declarar paz ao meu espírito e mente em 09 de Junho de 2013 através de A flor
Sempre prezei pela felicidade, pela sua, e isso que A flor veio pra dizer, mas o problema é que eu não tenho notícias e isso me aflige. Gosto mais de proteger do que de proteção e como passar a mão e os olhos ao longe se nada sei?! É mais por você do que por mim. 
Me diz. Me diga em sonho e pensamento. Nos teus olhares rápidos. Nas passadas curtas e largas. Na cabeça baixa. Na mão levada aos cabelos. No sorriso de soislaio. Ao fechar os olhos.
Talvez eu seja mesmo louca em ver coisas onde não se tem, mas algo tão fluido quanto você me diz que algo está errado quando deveria estar certo. Nos vemos quando ninguém parece prestar atenção e de forma rápida o suficiente para matar a curiosidade e a vontade de nosso ego. 
Eu que já estava convencida e conformada por tudo, me faço questionar agora mais por você do que por mim. Afinal, essa previsão eu não acho num horóscopo porque talvez sejamos um espelho do outro.


"...It could be wrong, could be wrong,
but it should've been right,
It could be wrong, could be wrong,
to let our hearts ignite,
It could be wrong, could be wrong,
Are we digging a hole?
It could be wrong, could be wrong,
This is out of control,
It could be wrong, could be wrong,
It could never last,
It could be wrong, could be wrong,
must erase it fast,
It could be wrong, could be wrong,
but it could've been right,
It could be wrong, could be wrong.
Love is our resistance..."

Muse, Resistance









segunda-feira, 10 de junho de 2013

Um bom dia diferente


Hoje pela manhã tomei uma surra já cedo de Gregory Bateson. Confesso que não conhecia seu trabalho, porém, fui apresentada a ele por um Italiano simpático e sabido, Massimo Canevacci, na Escola Internacional de Criativade para Ciência. 
Tal apresentação fora feita pelo conceito de duplo vínculo, o qual é um conceito de cunho psicológico usado para se referir a relacionamentos contraditórios onde comportamentos de afeto e agressão se mesclam e de forma simultânea (fato este observado pela pesquisa de campo e acervo iconográfico cunhado pela pesquisa do antropólogo em Bali), onde ambas as pessoas estão de fato envoltas fortemente num laço emocional e não conseguem deixar uma a outra.

Fui surrada por imagens e por letras, estas quais transcrevo aqui: 

"Se quero manter o elo com minha mãe, não devo demonstrar-lhe que a amo, porém, se não demonstro que a amo, acabo perdendo-a". 

"Se a mãe começa a sentir-se afeiçoada e próxima ao filho, começa também a sentir-se em perigo e precisa afastar-se dele."

Deixo de lado o potencial das famílias esquizofrênicas citadas e o uso do exemplo da relação entre mães e filhos, sendo a doença o resultado de tal vínculo. Maximizo a informação e trago ao que sinto, e principalmente por tudo que já li sobre emoções, bem como pelos poemas meia boca escritos e até mesmo pelas palavras não ditas.
Fui então analisar os componentes do duplo vínculo e eis que este é dado na presença de cinco fatores. Duas ou mais pessoas envolvidas emocionalmente; Experiências repetidas; Comportamento prejudicial primário; Comportamento prejudicial secundário contradizendo o primário e Impossibilidade de escapar. Pensei e repensei, mas minha associação com o amor romântico é inevitável. Talvez eu esteja falando absurdos e mais absurdos, mas os exemplos gerados só me fizeram arremeter sobre. E no final, ri de mim.

Margaret Mead an Gregory Bateson in New Guinea, 1938. 
From Roger Sanjek: Fieldnotes. The Makings of Anthropology

domingo, 9 de junho de 2013

A flor

"Minha flor serviu pra que você
Achasse alguém
Um outro alguém que me tomou o seu amor
E eu fiz de tudo pra você perceber
Que era eu..."
                               Los hermanos

Anne, por Lucas H. S. Guimarães


E então me fiz flor no misto de tormentas.
Queimada ao redor pela própria natureza, porém, dizem que ainda bela.
De cor.
Feliz. Talvez não consigo, mas com o entorno.
Já acontecera antes. Mas nada é igual.
Demorei a entender que o amor é mais.
Demorei a me acostumar com a tua nova felicidade.
Demorei a olhar pra mim. A te ver assim.
Demorei a pensar na música. A ver a fotografia. A te ver de perto.
Mesmo que ainda achando incerta tal situação. Talvez com razão.
Sim, minha flor te deu alguém pra amar. Fora rápido, ou não tão rápido assim. Depende de quando percebestes, e se percebestes. E se, e se, e se...
E quanto a mim?
Não diferente de outrora, aceitei. Lhe disse que já acontecera antes. Já era esperado por um Voyeur. 
Quero que sejas feliz. Estás sendo? Isto basta.
Espero que inflames e não infame.
Anda, apressa-te. Felicidade tem espera, mas o amor tem fome.
Anda, come! Preenche a alma do que lhe falta e não olha pra mim.
E eu fiz de tudo pra você perceber
que era eu...
E por fim, ouça o Chico: "Se você sentir saudade, por favor não dê na vista
                                      Bate palmas com vontade, faz de conta que é turista."

sábado, 1 de junho de 2013

Med ensina

Med ensina que nada é fácil;
Que nem tudo é seu;
Que há espera;
E há dor.
Ensina também que o pranto vem, mas vai.
Assim como o tempo se esvai.
Med cansa.
Mendicância.

Que nem tudo o que você viu nos livros se aplica.
Que a vida se replica, mesmo finita.
E que ambas são feitas de amor.

Que vocação existe.
Que tem gente que só assiste,
E tem também os que persistem.

Que não adianta fugir do dom,
aumentar o tom,
chorar calado,
e até mesmo tentar esquecer.

Eis que surge a pergunta:
Por que enlouquecer se podes enobrecer?

Vá ao espelho.
Veja teus olhos.
Veja que eles não vivem só de razão.
Que seu coração também possui uma população de neurônios.
Talvez seja melhor pensar com eles.

Abrace a vontade.
Reverencie a vida,
dance com ela.
E sorria.
Alegria também é remédio.
Só ria.

És um artesão do caminho,
mas não estás sozinho.
Por isso, aprenda a ver o outro.
Respeite-o.
Apalpe-o.
Sinta-o.
Seja humano.
Tenha compaixão e faças por paixão.

Use a chama.
Persevere.
Clame.
Chame a Med,
que ela ensina.

"- E então medicina, me ensina?"

P.S: Talvez ensine por ser a tua sina, menina.