sábado, 30 de abril de 2011

viva o burguês

Eu só vi que o mundo não era mundo quando nem tempo para ler um artigo de jornal eu tive. Era proletário.
Apenas chamadas e manchetes estanques numa rua qualquer.
Banca de jornal.
Jornal de banca.
Jornal que banca.
Manchetes grafadas em cor negra, que em muitas vezes se faziam conflituosas com o grande furor do vermelho em sangue dos proclames.
Sangue de negros.
Negros de sangue.
Torna-se redundante e pensante. Mais o primeiro do que o segundo reclame.
Parei no mundo.
Em verdade, queria pará-lo. Não foi possível.
Macacos não tem capacidade de raciocínio lógico.
Há um retrocesso científico, mas ninguém alega nos jornais. Homens macacos. Macacos que dançam.
Trotes, galopes e por fim: a valsa vienense (ou qualquer outra merda).
Todo mundo tem mania de xadrez, mas animais não jogam e nem se travestem.
Abraços e sorrisos da monarquia parlamentar são todos compassados em falsos versos.
O camponês que ainda vive na idade média, ri.
O renascentista de hoje também.
Movimento econômico, anacrônico.
O ser humano se perde em listras.
É um ser quadrado usando mais de um.
É a Coroa.

domingo, 3 de abril de 2011

Inseto

As flores da incerteza florescem o ano todo no meu jardim de dúvidas, e a cada dia; mês; semana; eu colho uma diferente.
Elas maturam muito rápido, mas admito que não são tão belas e frescas assim. São regadas incessantemente por minhas ideias perdidas, e fazem questão de sugá-las por todo, sem mais.
É como uma erva daninha.
Sua semente é espalhada pelo vento, e por isso está em todo lugar.
Até no mais árido ser.
Até no mais árido sertão.
Às vezes vem a chuva e inunda, daí vem o sol e seca.
Entenda como quiser.
É de lágrima. É de raiva.
Aí vem o vento e derruba, vem a primavera e eis que floresce a flor.
Redundante.
É em Setembro que as novas sementes costumam brotar, na primavera que distrai e atrai.
Brotou mais alguma nesses meses permeados de sabor em flor e saudade, mas se foi.
Afinal, flores duram pouco e mesmo que esta seja diferente; incerta, a mesma se vai.
A pétala de esperança se foi.
O caule caiu.
O espinho ficou.
O sangue em seiva brotou. Na terra caiu, a mesma morreu. Em terra ficou.
O chão vermelho se abriu e um inseto nele pousou.
Enquanto a você?
Pintou um chão em giz e fingiu.
Fugiu.

sábado, 2 de abril de 2011

Serpentina

Uma página em branco e uma caneta em punho.
Sentimentos atordoados como tábuas corridas.
Uma escrita porca e uma escrita pobre.
É carnaval e o meu Pierrot morreu.
Em verdade eu nunca fui a Colombina e muito menos ele o meu Pierrot.
Procuro Arlequim, mas não quero fazê-lo chorar nesse carnaval.
No lugar de confetes, choro.
No lugar de serpentina, sangue.
É de carnaval.
É de Colombina.
É de Pierrot duelando com Arlequim.
É de menina sem amor.
É de amor sem menina.