sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A última filha do vento

A última folha que cai daquela árvore está finalmente seca. E tudo o que eu posso ouvir é o vento lá fora, assim como você disse que ele viria.
Ríspido. Ele chegou e está aqui, e parece me acompanhar a todo o tempo, não tem sido fácil.
Todos dizem que ele tem duas filhas e que veio buscar a última delas. O vento carrega consigo doze aspectos que o incomodam e banha a cada um de nós com ele. fez questão de atribuir dois males e duas qualidades a suas filhas, sendo um deles a solidão. Ele rastreia os males, envolve-os com sua brisa e com isso chegou até a última de suas filhas. Ela é só. Ela é só um pouco de mim, de você.
Havia um bilhete na porta de minha casa, e o mesmo dizia:  
The shorter story.
No love, no glory.
No hero in her sky.
coloquei-me a pensar sobre quem fora o escritor que tivera a ousadia de descrever a minha vida em apenas três frases. As três frases faziam completamente sentido, foi quando eu vi no canto e rabiscado no verso do bilhete, a palavra daughter. Palavra essa com uma escrita sutil, mas mal desenhada.
Urgentemente arrepiei-me. Aquele vento frio que antes era envolvente, que dançava compassadamente com meus pés, braços e quadris já não era o mesmo. A água estava fria e eu não conseguia parar de olhar para as três frases que diziam-me tanto e ao mesmo tempo pareciam mentir tanto sobre mim.Talvez eu me enganasse para sentir-me bem, ou deixar os outros bem com um sorriso meu. Eu estava pensando tão rápido que mal tinha tempo de organizar tudo em minha mente, afinal, ela já estava desorganizada a tempos...
Rindo de mim. Era assim que ele devia estar, era assim que ele estava. Um vento impetuoso que rastreou-me através da solidão. Antes afável, agora mais vazio e confuso. Mas apesar de tudo, eu não consigo deixar de gostar daquela brisa curta e gélida, por vezes calada e que consegue me levar sempre que vem. Sempre no inesperado ele vem e se faz vento. E eu? sou só a sua segunda filha.
And so it's...




quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A filha do vento

Um texto baseado em fatos reais e inspirado na música "The Blower's Daughter", Damien Rice. Uma música para duas pessoas, um texto para muito mais do que isso. Você pensou no texto tendo-me como inspiração, mas acabou que o texto refletiu parte de você também.

Não sei porque ainda estou me sentindo assim. Você disse que seria exatamente assim. Sim, eu estou te superando e, sim, isso é incrivelmente bom. Nossa história tinha que ser desse jeito; sem um início, mas com um fim. Um fim que me levou qualquer esperança do amor, que retirou todo o brilho da glória e que fez desaparecer do meu céu, meu heroi.
Mas sabe um problema que me invade e consome a cada segundo? Eu não consigo tirar meus olhos de você. Eu só... não consigo tirar minha atenção de você quando você passa. Quando me abre aquele imenso sorriso que eu adoro. Ou quando olha nos fundo dos meus olhos com seus olhos profundos, onde eu sempre quis me perder. Quando você bagunça o cabelo, nervoso. Ou quando abaixa o olhar envergonhado. Eu não consigo tirar meus olhos de você. Nem por um instante.
Mas, é assim que tem que estar. É assim que, como você disse, deve ser. Nós dois esquecemos como é ter um amor de verdade. Aquele amor que é como uma brisa leve acariciando o rosto e bagunçando o cabelo. Aquele que é extremamente agradável, sabe? Nós nos tornamos uma noite bastante chuvosa. Chuva fria. E eu, antes filha do vento, sou filha de trovões e raios agora. Ninguém me entende mais. Acho que ninguém mais consegue. Acho que nem eu mesma. Meus amigos estão ocupados, minhas notas caíram, eu me perco em meio a pensamentos no meio do dia... Virei uma aluna rejeitada. Rejeitada pelos professores, pelos amigos, por mim mesma.
E o que mais me atormenta é não conseguir tirar meus olhos de você. Não consigo simplesmente parar de olhar você tocando seu violão distraído. Não consigo tirar meus olhos de você quando sei que tem algo de errado e ninguém consegue perceber, a não ser eu. Eu não... Não consigo tirar meus olhos dos seus olhos preocupados comigo, porque, pode parecer idiotice, mas não conheço alguém que saiba me decifrar tão bem quanto você. Não consigo tirar meus olhos...
Meu Deus! Por que raios eu não consigo me libertar de uma vez por todas de você? Eu já disse que eu te detesto? Não? Eu te detesto! Já te disse que eu quero deixar tudo isso para trás, de uma vez por todas? Não? EU QUERO! Eu quero muito ter você longe, te esquecer de uma vez por todas e seguir a minha vida. Você poderia me ajudar com isso?
Eu não consigo parar de pensar em você! E você, me dizendo coisas bonitinhas e dizendo que me ama, não ajuda em nada. Eu não consigo parar de pensar em você e isso já se tornou involuntário. Eu não consigo parar de pensar em você quando eu ouço uma música que tem a ver com a gente. Eu não consigo parar de pensar em você quando eu passo por algum lugar por onde passamos juntos. Eu não consigo parar de pensar em você quando eu rio de algo que já rimos juntos um dia... Meus pensamentos... Meus pensamentos... Eles até parecem ser dominados por você. Eu não consigo parar de pensar em você, mas isso vai acabar. Eu não consigo parar de pensar em você... Até eu conhecer uma nova pessoa.

Por: Thy Santana