terça-feira, 30 de novembro de 2010

entre uma tragada e outra

Bem, eu sentei sozinha em frente a calçada do colégio enquanto todos me procuravam e tirei um cigarro da mochila.
Não tenho esse mau hábito, mas aquela situação estava me consumindo. Tragadas me aliviavam quanto a isso.
Era o segundo deles, ninguém sabia.
Eu não gostava daquela fumaça, nem daquele cheiro incômodo.
Antes eu era somente mais uma fumante passiva no meio de todos, agora eu assumia a postura do primeiro. Aquele que provoca o mal.
A fumaça subia, a lágrima caia, meu sofrimento redimia.
Eles realmente estavam preocupados comigo, mas estavam ainda mais com um romance falho que havia no grupo. Minha linguagem é suja enquanto a isso, mas prefiro não comentar.
- Faz mal à saúde e blá, blá, blá.
Cansei deles, cansei mais ainda de mim.
Eles me sugam.
Eu também.
Misturei-me àquele ar, virei fumaça.
Sou fumaça tragada, sou eu quem trago a fumaça.
Já que entre uma tragada e outra, eu trago a lembrança.

O tempo

Por muitas vezes admiraram a minha coragem por conseguir expor o que eu realmente sentia, mesmo que eu soubesse que havia grande chance d'eu receber um não como resposta para tal tentativa. E por vezes foi assim, eu confiava e mim e falava.
Não sentia vergonha de amar outro alguém, eu apenas amava e não era tão doloroso receber um não. Afinal, eu tinha tentado.
Eu tentei amar, mas sempre amei as pessoas erradas.
Não via quem realmente merecia algo de mim, eu era pó.
Eu era pólem, nó.
Depois desses erros sem acertos, dessas tentativas descabidas, eu virei o que sou hoje, ou não.
Introspecção.
Desaceleração.
Medo.
Sofrer.
Desamor.
Eu virei alguém que ama calado, que não vê o que está errado e ainda sim clama por amor.
Eu pus em versos seu nome em melodia, que cantava em sinfonia com o meu novo estilo de amor.
Eu amei ao vento, ao tempo e àquele senhor.
Perdi pra senhora num jogo de bola, o meu coração.
Ele não bate e nem perguntem-me se ele está bem. Ele está brigado comigo.
Fico sentada num pedaço de rua e perco o meu olhar. Não há foco.
Sou desfocada e sufocada, desfocante e sufocante. Neologismo puro.
Passeio entre casais risonhos e vejo a felicidade dos mesmos, fico feliz por eles.
Não é inveja ou coisa assim, apenas há emoção numa troca de olhar.
Me valho da felicidade alheia.
Eu não tinha medo de amar.
Eu passei a tê-lo, já que o amor brigou comigo.
Ele resolveu pregar-me uma peça, já que não tinha mais tarefas e me pôs a chorar.
Fingiu amizade, colocou-me um sorriso no rosto que eu não sabia mais como tirar.
Deixou-me assim por menos de um mês, deu-me uma felicidade de burguês e se pôs a correr.
Eu tinha começado a acreditar naquilo tudo, mas sonhos são irreais.
Foi um déjà vu  momentâneo, apenas isto, sem mais.
E o que o tempo tem haver com isso? Nem eu sei do que falei.
Eu disse haver com isso. E o certo é a ver com isso, ou haver com isso?
Que me importa.
Desculpe-me leitor se perdeste seu tempo, mas ainda é tempo de recomeçar.
Feche esta a janela e invada sua alma, se perca na calma do teu amanhecer.
Se faça manhã e noite, deixe chover.
O tempo mudou, eu também.