quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Pé de vento

Eu desenhei teu rosto num papel,
fiz careta pra Maquiavel.
Andei na rua sem sapato,
somente para sentir o asfalto.
Tropecei em muitas ruas e
pensei em silhuetas nuas.

Então...
Corri para o meu além,
afim de encontrar meu bem.
Chegando lá nada encontrei.
Somente vi um Rei.
Cumprimentou-me e nada falei,
porque para mim não existe rei.

O mesmo disse que leu meu pensamento.
Ri e dancei com o tocar do vento.
Perguntou-me agora se eu estava biruta.
Como pode alguém me achar maluca?

Disse então que eu não acreditava nem
em reis, nem heróis.
O mesmo então, calou a voz.

"Meus heróis morreram de overdose." (Cazuza)
Você no mínimo morrerá de verminose.

Pergunto agora cadê meu bem e o
mesmo diz que o fez refém.
Refém de minh'alma e do meu egoísmo.
Jogaste o mesmo no Meu habismo.

E agora que não tem volta?
Mas quem disse que não tem?
Bata a tua porta e apresente-se outra vez.

Hoje eu vou

Ficar feliz.
Pintar o nariz.
Beijar um palhaço e dar um abraço.
Esquentar meu nariz, fazer-me de atriz.
Dançar com um drogado e fumar um cigarro molhado.
Ajudar um mendigo d'alma e vagar sem minh'alma.
Dar uma flor.
Recebê-la. Fazer amor.
Ter um filho em pensamento e até pensar em casamento.
Invadir uma casa e fazê-la minha. Cantar de medo à noite, sozinha.
Eu vou,
jogar na loteria pra ganhar um amor, enquanto o mesmo me trará a mais bela flor
e somente por isso enterrarei toda essa tristeza no fosso dum elevador.
E direi para mais um dia: "Próximo andar por favor!"

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

É psicológico

Doenças são uma enfermidade natural para as pessoas, podem ser causadas basicamente por um vírus, uma bactéria, uma ameba, um príon e se eu for falar todos esses agentes causadores irei ficar intrigavelmente chata com a minha paixão por biologia e afins.
Parece o rascunho de um artigo científico muito mal elaborado, não?! Pois bem... Não conheço muito bem meu falho organismo, mas o ser humano como todo é uma máquina muito interessante. Como algo parecido com uma fita pode ter um valor tão... Não estimado?
Mas eu volto a falar de mim e de toda essa doença.
Quando eu era pequena e tive que mudar de casa, me separei de uma vizinha que era como uma segunda mãe para mim. Eu a amava tanto. Vânia era o nome dela.
Na semana seguinte a mudança eu adoeci, mas a minha doença não tinha nenhum fundamento nos agentes que citei acima, ela era psicológica.
A saudade estava me matando, e apesar das palavras que ela viria me visitar e que eu poderia fazer o mesmo, eu ainda sim continuava doente.

Enfraqueci.

Chorei.

Como eu queria ver a Vânia, ou melhor, como eu queria ver a tia Vânia. (Era assim que eu a chamava).
Ela não vinha, eu não ia.
Minha mãe disse que isto era psicológico, e os médicos confirmaram o diagnóstico.

- Sim Srª Ana, o que a sua filha tens é algo psicológico, ela desenvolveu esses sintomas a partir de um abalo emocional. (Disse o doutor) Minha mãe acordou.

Ela tinha muitos compromissos e uma doença muito grave, eu teria que entender, mas assim que ela soube que eu estava doente por sentir saudade veio rapidamente ao meu encontro. Aquele foi um dos melhores abraços que eu recebi na vida e vou guardá-lo para sempre.
É difícil tocar nesse assunto, admito, e toda essa saudade eu vou ter que guardar para sempre. Pergunto-me o porquê dela ter partido, mas sou egoísta quando pronuncio essa questão. Ela teve de ir e eu tive que compreender. Ela partiu e junto com ela se foi um dos meus piores momentos de choro e veio um dos mais sinceros sorrisos pelas lembranças. (24/08/2010)

Hoje tenho febre, dor no corpo, calafrios e acho que não preciso do diagnóstico de ninguém, a doença psicológica retornou. Sinto-a tomando grande parte de mim e todos esses sintomas são referentes ao situacional cotidiano. Enfraqueci-me.
Estava sentada nos bancos da estação do metrô e observava todos os transeuntes que ali circundavam, era tarde. Ficou noite.
Cada movimento dado era fraco, pensava em você.
A boca quase não se abria, não tinha muito que falar e nem queria. O nível de salivação fora aumentado mesmo sem pronunciar uma palavra.
Os vagões passavam e alternavam-se numa dança que meus olhos não podiam captar. O olhar era triste, falava por si só.
Amoleci em um dos bancos, você passou num vagão e foi a única pessoa que enxerguei.
Você passou. Eu fiquei.
Repito os sintomas, mas não adianta procurar um clínico geral mesmo passando mal. É psicológico.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Já não falo de sucumbir ou enlouquecer

Sempre quis ouvir a verdade porque fui treinada para a mesma.
Insensível. Uma pessoa monstro, não?
Já não falo de sucumbir ou enlouquecer.
Sucumbir por que?
Enlouquecer pra que?
Talvez o amor ainda sirva para alguma coisa, ainda que seja o amor próprio.
Não tinha paciência para mim, gastara toda a que eu tinha com você.
Considero que em partes foi bem gasta, em partes.
Nunca esperei isso de você, nunca mesmo.
Parecia ser mais maduro, mas quem sou eu para falar de maturidade?
Não questiono a tua decisão, tuas escolhas mas sim a maneira com que ages agora.
Quem é você?
Eu ainda lhe conheço?
Ainda tens o mesmo nome, mas o quer mudar por vezes.
Nunca poderei pedir de volta o que eu nunca tive.
Está certo que deve proceder assim?
Nada posso fazer mas aquela afirmação que fizestes para mim, faço-a como uma questão para ti agora.
"Só tenho estado assim porque você mudou."
E agora, eu que mudei?!


Eu tentei.Você também.
Eu quis querer. Eu quis você.
No que deu, no que dá, no que dará?
Já não sei o que dizer, o silêncio fala por nós.
O silêncio nos deixa a sós.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O amor que nunca tive, outra vez.

Mais uma vez.
Mais um dia.
Mais uma tristeza.
Quero a minha dureza de volta, mas até isso você roubou de mim.
Fiz promessas ao vento e abracei um amor imaginário.
Você não sabe o quanto dói isso, você definitivamente não sabe.
Pela 1ª vez eu começo a dar razão aos meus amigos que lhe desprezam.
Faça chover, e faça agora.
Chova suas palavras ríspidas e doídas em cima de mim, pois eu me deixarei molhar por todas elas. Talvez assim minha dureza possa voltar a florescer em cima
da esperança morta que você deixou.
Regue-me apenas por isso e lhe prometo que não lhe amarei mais. A amargura não deixará com que isso aconteça.
Perdi minha armadura num campo que eu julgava conhecer ao menos um pouco, pouquíssimo até. Mas mesmo assim gostava de desbravá-lo sem medo.
Olhando para o vidro da mesa, vejo o reflexo do céu e com ele falsos pássaros aprisionados. Me sinto assim e comparo as lágrimas que não deixarei cair com
esses pássaros. Elas vão secar dentro de mim.
É uma comparação minha.
São aparentemente lindos e são uma das coisas que eu mais gosto por aqui, mas o bico deles parece cortar. Já não ligo para isso, poderiam voar para cima de
mim agora pois a dor não seria tão imensamente maior. Essa cicatrização é rápida e bem mais bonita, pois ficam na pela e elas um dia realmente fariam sentido
para mim.
Voa.
Voa.
Voa.
Voa, para longe de mim e encontre outrem. Terás mais prazer.
Encontrará maior quantidade de tudo que precisas e me deprimirá com maior qualidade também. Mas meu antídoto estará pronto, meu ressecamento estará concluído.
Nada desidratado presta. Toda essa carne apodrece.
E agora o amor é carne.

31/08

E eu me tranquei para ver se passava essa dor, mas não adiantou.
Surgiram lágrimas necessárias que escorriam incessantemente. Não liguei, pois há tempos não chorava e elas poderiam me fazer bem.
O nó.
Persistente nó de dor que teima em não desatar. Eu não sei escrever.
Está tudo aqui dentro de mim e eu não sei como continuar, nem a brisa do vento consegue amenizar.
Eu não sei o que falar, apenas sinto uma enorme angústia dentro de mim e nem posso descartá-la, pois a mesma me lembra você e tu não eres descartável.
Ai, está tudo tão confuso por aqui. (E as lágrimas seguem seu curso, desenhando num papel)
Eu já não me importava em viver, fazia-se normal. Eu só seguia.
Algo mudou.
O seu abraço mudou.
Deu-me vontade de sentir tudo de novo e respirar mais uma vez. Tive vontade de viver. De respirar. Sim, de respirar mais uma vez para sentir as respirações afagadas e compassadas pelo silêncio. Fazer da tua a minha.
Eu nunca quis tanto ver alguém viver. Prezo mais a tua vida que a minha. Busco lhe compreender mais do que a mim. Amei-te mais que a mim.
O que eu sei de mim?
Nada sei.
Só tenho vontade de fugir.
Sim, os 17 já não me caem bem. Horas com ele e eu só queria ser o feto de “31 de Agosto de 1993” às 10h30min da manhã, 20 minutos antes de nascer. Minutos contam muito.
Pouco foi dito aqui. Muito ainda está em mim.
Todas as lágrimas que caíram no papel já secaram, menos a primeira.
Indago-me: Ainda há esperança? (Ela não quer secar)
Talvez tenham razão enquanto ao cordão. Seria ele uma mensagem subliminar?
Poderia ser...

P.s: Isto é apenas um desabafo de uma alma desandada, por isso não vejo necessidade uma ordem de pensamentos e pontuações nos seus devidos lugares. Tudo está como em minha mente, confuso.